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Psol Ceará libera filiados para integrar gestões municipais sem sair da direção; impasse deve ser levado à Nacional – PontoPoder
A Executiva estadual do Psol no Ceará editou resolução na qual libera os filiados, “em especial nos municípios do Crato e de Fortaleza”, para assumirem cargos em prefeituras cearenses.
A decisão surge depois de impasse interno com o anúncio do ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza e presidente do Psol Fortaleza, Técio Nunes, para o comando da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza.
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A corrente Insurgência, uma das alas do partido, pediu o “afastamento imediato” de Nunes dos cargos diretivos do partido, ressaltando que a indicação foi negociada “sem consideração nem respeito a qualquer instância partidária”.
Além dele, a psolista Zuleide Queiroz também foi indicada para o comando da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura do Crato. Ela, no entanto, já pediu afastamento do cargo de direção, informou o deputado estadual Renato Roseno (Psol).
A resolução da Executiva do Psol Ceará foi divulgada neste sábado (18).
Nela, além da liberação para assumir o cargo, também fica determinado que, em casos em que o filiado exerça cargo diretivo, ele deve comunicar ao diretório municipal ou ao diretório estadual, que “disporão do prazo de 30 dias para deliberar sobre a relação do partido com o governo municipal e sobre medidas correlatas”.
O Diário do Nordeste tentou contato com o presidente estadual do Psol, Alexandre Uchôa, para confirmar se deve ocorrer uma reunião do diretório para discutir as recentes nomeações de psolistas, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Ao PontoPoder, a vereadora de Fortaleza Adriana Gerônimo (Psol) informou que o fato de Técio Nunes integrar a gestão do prefeito Evandro Leitão (PT) “não muda em absolutamente nada a nossa posição de independência”, diz em referência a bancada do Psol na Câmara Municipal de Fortaleza.
“E sobre a resolução (do Psol Ceará) iremos recorrer na (direção) nacional do partido para que haja o afastamento das instâncias partidárias”, reforça a parlamentar. O deputado Renato Roseno considera que o impasse só deve ser resolvido pela Executiva Nacional. “Isso vai chegar à Nacional, não se resolve a nível estadual. (…) O que se pede é que se cumpra a resolução nacional”, afirma.
Sem desobediência
O documento cita ainda resolução nacional do Psol, chamada “Psol com Lula contra o bolsonarismo e pelos direitos do povo brasileiro” — que tinha sido uma das bases para as críticas feitas pela Insurgência.
A resolução nacional é de 2022 e determina que psolistas poderiam aceitar cargos no governo federal ou em governos estaduais, desde que se afastassem dos cargos diretivos no partido.
Para o deputado estadual Renato Roseno, um dos integrantes da corrente Insurgência, a saída de cargos efetivos é uma forma de “manter a coerência”.
O motivo do afastamento de filiados que integrem a gestão dos cargos de direção, explica ele, é “porque é necessário manter a autonomia do partido, manter coerência, independência para quando for necessário fazer a crítica se faça”, diz.
A decisão da Executiva do Psol Ceará, no entanto, diz que assumir cargo na prefeitura “não implica desobediência” à resolução nacional.
“Dado que esta dispõe exclusivamente sobre a relação do partido com os governos federal e estaduais”, argumenta o documento.
Para Roseno, no entanto, é preciso “manter a resolução nacional”. Para ele, o que ocorre agora é que um grupo dentro do partido quer “desrespeitar” a decisão feita em 2022.