“De leve”, “Sorry periferia”, “Depois eu conto” (Ibrahim Sued)
IBRAHIM SUED era filho de imigrantes árabes, nasceu em família muito pobre, no bairro de Botafogo. Cresceu na Tijuca e em Vila Isabel, tendo morado por muitos anos em quartos de pensão em Copacabana. Foi aluno de uma escola pública brasileira pouco conceituada, onde concluiu o antigo Curso Ginasial e, aos 17 anos de idade, empregou-se no comércio. Devido aos frequentes atrasos, abandonou esse emprego.
Ainda da década de 1940, foi companheiro de boemia de personalidades como Carlos Niemeyer, Sérgio Porto, príncipe D. João Maria de Orléans e Bragança, Paulo Soledade, Carlos Peixoto, Raimundo Magalhães, Ermelino Matarazzo, Vadinho Dolabella, Waldemar Bombonatti, Paulo Andrade Lima, Ernesto Garcêz Filho, Oldair Fróes da Cruz, Mário Saladini, Jorginho Guinle, Léo Peteca, Darci Fróes da Cruz, Mariozinho de Oliveira, Cássio França, Bubi Alves, Fernando Aguinaga, Francisco Matarazzo Pignatari, Celmar Padilha, Francisco Albano Guize, Carlos Roberto de Aguiar Moreira e Heleno de Freitas, Sérgio Pettezzoni, entre outros, com quem fundou o Clube dos Cafajestes.
Em 1954, passou a trabalhar em “O Globo”, onde permaneceu até falecer, em 1995. Ali se destacou, assinando uma coluna social que marcou época e influenciou jornalistas como Ancelmo Gois e Ricardo Boechat. Causou polêmicas com as suas listas das “Dez mais”: as dez mais belas mulheres, as dez mais elegantes e as dez melhores anfitriãs da sociedade carioca. A sua coluna passou a ser lida por todas as camadas sociais a partir do final da década de 1950, tendo passado a conviver com personalidades famosas no Brasil e no exterior.
Em 1993, deixou o jornalismo diário e passou a publicar apenas uma coluna dominical no “O Globo”. A Faculdade da Cidade do Rio de Janeiro lhe fez a outorga do Título de Professor Emérito do Curso de Jornalismo, em evento que contou com a presença da nata da sociedade, além de políticos, sambistas, músicos e intelectuais. Ao entregar-lhe a comenda, o professor Paulo Alonso, diretor acadêmico dessa instituição carioca, fez um discurso marcado pela emoção, lembrando momentos marcantes da vida do colunista. Alonso, que também atuava no jornal O Globo, falou da sua amizade com Ibrahim e ainda da capacidade do “turco”, apelido de Ibrahim, em lidar com dificuldades e vencê-las. Foi uma solenidade que ganhou o noticiário brasileiro. Faleceu um ano mais tarde, aos 71 anos de idade.
Cunhou expressões (“bordões”) que se tornaram marcantes como “De leve”, “Sorry periferia”, “Depois eu conto”, “Bola Branca”, “Bola Preta”, “Ademã que eu vou em frente”, “Os cães ladram e a caravana passa”, “Olho vivo, que cavalo não desce escada”, dentre outras.
Considerado como um homem elegante, contou certa vez que, no início da sua carreira, tinha apenas um terno, que deixava todo dia debaixo do colchão de sua cama, para que não perdesse o vinco.
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No Amazonas, tivemos o colunista Gilberto Barbosa, o GIL, que norteu por décadas o colunismo social local. Um de seus pupilos, Alex Deneriaz, falecido precocemente, alçava vôos no colunismo nacional e fazia do Amazonas sua bandeira perene.
ERA 1982.
Marcelo Guerra / Jornalista MTB 492/AM – MBA Administração Pública
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