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Manaus e Região

Alunos da Escola FPFtech apresentam projetos inovadores de automação voltados para impacto social e ambiental

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FPFtech forma novos talentos em parceria com a empresa TPV

Na reta final do curso técnico em Automação Industrial da Escola FPFtech (Fundação Desembargador Paulo Feitoza), os alunos colocam à prova não apenas o conhecimento técnico adquirido em sala, como a capacidade de olhar para o mundo ao seu redor com responsabilidade social. Na mais recente edição da Feiratech, onde os projetos dos finalistas são apresentados ao público, o que se viu foi uma vitrine de ideias inovadoras com grande potencial de impacto social e ambiental, incluindo iniciativas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e geração de energia limpa para comunidades ribeirinhas.

Um dos destaques da mostra foi o projeto “Cores e Conexões TEA”, desenvolvido por Kevin Fernandes da Silva e outros três alunos do curso de Automação Industrial. Inspirado na vivência de um amigo com um filho autista não verbal, Kevin ajudou a criar um tabuleiro interativo com botões coloridos, que representam diferentes necessidades da criança, como dor, fome ou ida ao banheiro. Ao apertar um botão, um som ambiente correspondente é emitido, permitindo que pais e responsáveis compreendam o que a criança está tentando comunicar, mesmo à distância.

“A ideia surgiu justamente da dificuldade que os pais têm de entender seus filhos quando eles não se comunicam verbalmente”, explica Kevin. “Além disso, as cores ajudam no processo de reconhecimento e aprendizado, e a repetição dos sons pode estimular a fala no futuro”, completa. O projeto ainda prevê uma versão portátil e uma extensão em aplicativo, capaz de enviar notificações diretamente ao celular dos pais, mesmo quando estão fora de casa.

“É emocionante perceber que, mesmo em um curso voltado para a indústria, os alunos conseguiram ampliar sua visão e propor soluções para além dos portões das fábricas”, afirma o professor André Cunha, que acompanha de perto o desenvolvimento dos trabalhos. Segundo ele, boa parte das iniciativas envolveu conceitos avançados aprendidos no último semestre, como internet das coisas e programação em tempo real, aliados a uma preocupação genuína com o bem-estar coletivo.

Já Rodrigo Carvalho e seus colegas pensaram em uma dor cotidiana que afeta milhares de pessoas: a insegurança no trânsito de Manaus. Ele e seu grupo desenvolveram um sistema de semáforo inteligente com sensores ultrassônicos capazes de medir o fluxo de veículos em tempo real, otimizando o tempo de abertura e fechamento das vias.

A solução ainda inclui um botão de emergência que, ao ser acionado, envia um alerta imediato para os serviços de socorro, agilizando o atendimento a vítimas de acidentes. “Muitas vezes, no cruzamento, alguém se machuca e demora para conseguir pedir ajuda. Com o nosso sistema, a assistência pode chegar mais rápido, e vidas podem ser salvas”, defende Carvalho. O projeto foi pensado para ser viável economicamente, consumindo menos energia do que os sistemas tradicionais, e podendo ser integrado com câmeras e visão computacional em versões futuras.

Energia limpa para comunidades ribeirinhas

Outro talento que está sendo formado pela escola, Cláudio Aranha trouxe uma proposta pensada para a realidade amazônica. Seu projeto e de mais outros dois alunos da turma consiste em um sistema de monitoramento solar destinado a comunidades ribeirinhas sem acesso à eletricidade. Além do poste com LED e placa solar, sua equipe incorporou sensores e conexão via satélite para monitorar em tempo real a temperatura, a umidade e o desempenho dos componentes do sistema, garantindo a manutenção preventiva e prolongando sua vida útil.

“A ideia é levar qualidade de vida de forma sustentável”, adianta o aluno. “Conversamos com a ONG Litro de Luz, que já leva iluminação básica para a floresta, mas vimos que poderíamos melhorar esse sistema com tecnologia IoT”, afirma Cláudio Aranha. A intenção do grupo é fazer um mapeamento completo das comunidades, identificar pontos estratégicos para instalação e mostrar aos moradores como o projeto pode transformar o cotidiano. “É mais que luz, é dignidade”, define.

Sabão ecológico e combate à poluição das águas

Refletindo sobre o impacto ambiental do descarte de óleo de cozinha, o grupo do aluno Lúcio Dantas pensou em uma solução que transforma o resíduo que seria jogado em oportunidade. “Um litro de óleo pode contaminar até 25 mil litros de água”, alerta. Para combater esse problema, os alunos projetaram uma máquina ecológica que reaproveita o óleo usado para fabricar sabão em barra, segundo ele, um produto útil, de baixo custo e com potencial de geração de renda.

Com o uso de microcontroladores e componentes como válvulas solenoides, o protótipo consegue transformar 2 litros de óleo em até 35 barras de sabão. “Pensamos nas famílias de baixa renda que poderiam usar esse sabão em casa ou até vender. É uma solução simples, mas com impacto direto tanto no meio ambiente quanto na economia popular”, reforça Lúcio Dantas.

No total, 13 projetos foram apresentados na Feiratech da Escola FPFtech, que encerra mais esse ciclo formando profissionais para a indústria de um futuro mais inteligente, humano e sustentável.

Segundo o professor André Cunha, os projetos são reflexo de um ensino que, embora técnico, também busca formar cidadãos atentos às necessidades da sociedade, unindo conceitos teóricos e aprendizado na prática. “Eles poderiam pensar apenas em soluções industriais, mas decidiram ir além. O próprio mercado exige cada vez mais profissionais mais conectados com o mundo, com as pessoas e com o meio ambiente, então esses projetos mostram que eles estão no caminho certo”, observa o professor.

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